Live com a Siandra Cavalcanti, técnica contábil no Canadá. @sissi_noquebec

Pernambucana arretada, trabalhadora, casada com Lucas. Tem dois filhos humanos e duas filhas pets.

Um pouco sobre você

Sou formada em Administração e tenho um curso técnico em Enfermagem. Atuei três anos na saúde pública no Brasil. Mudei e decidi trabalhar numa área com mais empregabilidade: logística e comercial na empresa Walmart. Por um período, com recursos humanos também. Fiz algumas especializações e trabalhei com Supply chain por seis anos. Tinha uma carreira bastante estável no Brasil. Me encontrei profissionalmente, porém sempre tive o sonho de morar fora.

Meu marido, Lucas, é da área da tecnologia e trabalhava na Microsoft. Ele fez uma entrevista toda em inglês, sem me contar nada, pela Québec en tête. Foi aprovado e convocado. Nós tínhamos combinado de não procurar nada sobre imigração, mas Lucas foi na surdina e obteve sucesso. Moramos um tempo em São Paulo antes de imigrar para o Canadá. Lucas foi com visto de trabalho fechado, eu fui com visto aberto. Parece que já vivemos dez anos em apenas três.

No Canadá: o francês québécois

O Lucas é um excelente comunicador e tem um ótimo currículo. Sua entrevista em inglês foi um caso raro. Geralmente é feita em francês. Mas ele se dedicou a aprender a língua francesa com a escola Pantoufle. Tinha 3-4 meses para chegar ao nível B2. Como ele é fora da curva, muito empenhado e autodidata... chegando em Quebec, ele tirou C1 no teste do francês.

A Sisi, de início, criou um bloqueio com o idioma. Mesmo assim, foi destemida ao rendez-vous da escola canadense. Todos os québécois foram muito receptivos e acolhedores. Ela confessa que os três primeiros meses foram um desafio. Cursou a francisation, entendia tudo mas ainda não conseguia responder com clareza.

Quando começou seu primeiro emprego, inspecionava uns 200 carros por dia. Mesmo na têmpete. Ganhava 19 dólares a hora e tinha um horário bem flexível. Sisi nos contou que esse trabalho foi um divisor de águas. Ela venceu um duplo desafio: pessoal e linguístico. O francês finalmente começou a fluir.

Depois de um tempo, fez entrevista para a IKEA, mas queria atuar como coordenadora na Winners. A transparência em contar que estava participando de outro processo seletivo é benquisto no Canadá. E dá-lhe, Sisi. Sucesso mais uma vez. Ela se destacou muito na empresa Winners e chegou a ganhar um prêmio por levar mão-de-obra para a loja. Sisi compartilhou que algumas empresas presenteiam funcionários apenas por serem pontuais: 200 $ CA a mais por mês. Seu objetivo principal era aprimorar o idioma. Aprendeu e muito na Winners, teve que se virar em situações inusitadas. Aprendeu a se impor, a ser respeitada como imigrante. Em um ano, saiu do francês intermediário e tem orgulho imenso do seu français avancé.

Crescimento profissional

Sisi - fluente em francês - queria se aventurar na área de logística, sua paixão inicial. Disparou currículos e participou de mais de 40 entrevistas. Ela começou a se perguntar: por que não dava certo? “Não era um problema no CV nem na lettre de présentation, porque eu sempre era chamada para a entrevista.” Será o meu francês? Ou a forma pela qual eu me expressava? O que eu precisava mudar? Não tinha o requisito da primeira experiência québécoise, e agora?

Começou a procurar emprego em junho de 2020. Buscou ajuda da organização Option de travail: site abaixo. Sisi nos deu a dica de mais dois sites que ajudam imigrantes na integração e inserção no mercado de trabalho. A Option de travail auxilia a preparar o CV, a escrever a carta de motivação, faz uma simulação de entrevista e uma conselheira marca um rdv (rendez-vous) 1x por semana.

OPTION-TRAVAIL https://optiontravail.com/

Mais dois sites:

SOIT https://www.soit.quebec/

CENTRE R.I.R.E https://www.r2000.qc.ca/

Sisi agendou uma simulação da entrevista de emprego, a qual é registrada e analisada junto com a conselheira. Então, qual foi a solução? “Dizer que realmente não tenho a primeira experiência quebequense, porém a empresa não iria perder em me contratar”. Depois dessa ajuda, a Sisi aprendeu a “se vender” e recebeu 3 propostas de emprego.

Algumas perguntas clássicas durante as entrevistas: quais os seus pontos fortes e fracos? Por que você deseja trabalhar para nós? Por que devemos contratá-la? Por que estava saindo do emprego atual? O ideal é ser bem transparente, disse ela. "Eu gostaria de procurar algo na minha área: logística." E começou a fazer perguntas para o entrevistador, usando a oportunidade como gancho, referindo-se a um ponto-chave da entrevista. Desse modo, pôde mostrar interesse e motivação. Exemplo: qual a sequência do processo seletivo?

Sisi compartilhou uma pergunta infrequente feita na sua última entrevista: você teria um problema em trabalhar numa empresa sindicalizada? Ela explica: “é como se fosse passar em um concurso público, com muitas regalias.” Tem inúmeras vantagens, sim. Maravilha. E Sisi hoje é uma technicienne comptable, uniu a área financeira com a logística. Ela trabalha com o que ama, está realizada e feliz na carreira. São 7h por dia e a Sisi é a única brasileira da equipe.

Atenção, padawans: em abril 2022 teremos o Québec en tête no Brasil.

https://www.quebecentete.com/pt/